Declaração sobre a ciência e o uso do conhecimento científico: preâmbulo
1) todos nós vivemos no mesmo planeta e somos parte da biosfera. Nós viemos para admitir que estamos em uma situação de crescente independência e que o nosso futuro está intimamente ligado ao sistema global de subsistência e à sobrevivência de todas as formas de vida. As nações e os cientistas estão convocados a compreender a urgência de se encontrarem, com a ajuda de todos, os campos da ciência, a maneira responsável para tratar das necessidades e aspirações, não fazendo uso desse reconhecimento de forma errônea. Nós procuramos colaboração ativa por meio de esforço em todos os campos científicos, isto é, nas ciências naturais, tais como a Física, nas ciências biológicas e da terra, nas ciências biomédicas e de engenharia, e nas ciências humanas e sociais. Enquanto a Estrutura para Ação enfatiza as promessas, o dinamismo, ela também enfatiza os efeitos potenciais e adversos que vieram com as ciências naturais, a necessidade de se compreender seus impactos, suas relações com a sociedade, o compromisso com a ciência, bem como os desafios e as responsabilidades demonstradas nesta Declaração, que se referem a todos os campos da ciência. Todas as culturas podem contribuir com o conhecimento científico de valor universal. As ciências devem se colocar a serviço da humanidade como um todo e devem contribuir para dar a todos um entendimento mais profundo da natureza e da sociedade, uma melhor qualidade de vida e um ambiente sustentável e sadio para as gerações presentes e futuras;
2) o conhecimento científico já ocasionou inovações notáveis, que têm sido de grande benefício para a humanidade. A expectativa de vida aumentou surpreendentemente e curas para muitas doenças têm sido descobertas. A produção agrícola tem aumentado significativamente em muitas partes do mundo para fazer face à necessidade da crescente população. Os desenvolvimentos tecnológicos e o uso de novas fontes de energia têm criado a oportunidade de libertar a humanidade do árduo trabalho forçado. Eles também têm tornado possível a geração de uma cadeia de produtos industriais e processos expansíveis e complexos. Tecnologias baseadas em novos métodos de comunicação, de manipulação de informação e de computação têm trazido oportunidades sem precedentes e desafio para o empenho científico e também para a sociedade como um todo. Quando, constantemente, melhoramos o conhecimento científico da origem, das funções e da evolução do universo e da vida, estamos fornecendo à humanidade uma abordagem conceitual e prática que influencia profundamente sua conduta e seus prospectos;
3) além de seus benefícios demonstráveis, as aplicações dos progressos científicos, o desenvolvimento e a expansão da atividade humana têm também levado à degradação ambiental e a desastres tecnológicos que contribuem para o desequilíbrio ou para a exclusão social. Por exemplo, o progresso científico tornou possível a fabricação de armas sofisticadas, incluindo armas convencionais e armas de destruição
4) hoje, enquanto os progressos sem precedentes nas ciências são previstos, há necessidade de um forte e esclarecedor debate democrático sobre o uso do conhecimento científico. A comunidade científica e os tomadores de decisões devem procurar o fortalecimento da confiança e do apoio públicos para a ciência por meio desse debate. Maiores esforços interdisciplinares, envolvendo as ciências naturais e sociais, são pré-requisitos para se lidar com os problemas ético, social, cultural, do meio-ambiente, de sexo, econômico e da saúde. Para que a participação da ciência aumente no sentido de se construir um mundo mais justo, mais próspero e mais sustentável, há a necessidade de um compromisso, no longo prazo, de todos os interessados públicos e privados. Esse compromisso se afirmaria por meio de um maior investimento, de uma revisão das prioridades do investimento e da participação do conhecimento científico;
5) a maioria dos benefícios da ciência é irregularmente distribuída. Isso é resultado das assimetrias estruturais entre países, regiões e grupos sociais, e entre os sexos. Da mesma forma que o conhecimento se tornou um fator crucial na produção de riqueza, sua distribuição também se tornou mais injusta. O que distingue o pobre do rico – sejam pessoas ou países – não é somente a quantidade de recursos. A questão é que os pobres são largamente excluídos da criação e dos benefícios do conhecimento científico;
6) nós fomos participantes da Conferência Mundial sobre A Ciência para o Século XXI: um Novo Compromisso, realizada em Budapeste, Hungria, de 26 de junho a 1º de julho de 1999, com o patrocínio da Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas (UNESCO) e do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU).
Fonte
UNESCO. Declaração sobre a ciência e o uso do conhecimento científico. Disponível em: http://www.unesco.org.br/publicacoes/copy_of_pdf/decciencia.pdf . Acesso em: 24 jan. 2005.
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