sábado, 14 de fevereiro de 2009

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO RIO RIBEIRÃO

Unopar – Universidade Norte do Paraná
Graduandos no Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental
Gestão Ambiental
José Aldo Ramires
Ivonete Madureira Izidoro

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO RIO RIBEIRÃO

Trabalho apresentado e vencedor no 2ª lugar entre escolas de nível superior
ao 7ª Prêmio de Furnas Ouro Azul, como requisito para aprovação de Curso de Gestão Ambiental.


SALINAS, outubro 2008
Introdução

O Córrego Ribeirão é um pequeno rio que atravessa de noroeste a sul do município de Salinas, com coordenadas geográficas de latitude -16º07’04,38101” e longitude de 42º19’36,0228” no vale do Jequitinhonha Minas Gerais, passando por algumas comunidades. Nos estudos realizados pelos acadêmicos da Unopar Virtual (2008), do primeiro período de GA, na caminhada exploratória pelo córrego Ribeirão, constatamos que esse mesmo nasce no município vizinho de Novorizonte, onde apresenta as matas ciliares pouco conservadas, e ainda podemos observar vários estágios de degradação, os quais foram provocados ao longo dos anos por queimadas sem critérios técnicos, desmatamentos, pisoteio de bovinos, ocasionando o assoreamento e a interrupção do mesmo.
Estas práticas ao longo dos anos comprometeram a perenização do manancial, qual outrora forneceu água para Salinas. Quando analisamos a situação córrego, percebemos que seria necessário pensarmos em um meio de podermos sensibilizar e mobilizar os moradores da bacia hidrográfica do Córrego Ribeirão, para que o atual quadro tome um novo rumo, visando a sustentabilidade não só das comunidades próximas a essas nascentes, mas da cidade de Salinas (que é beneficiado diretamente pelo rio, uma vez que dele que é feita parte da captação da água para o abastecimento da cidade) e do meio ambiente de modo geral. Para isso é fundamental que os moradores das comunidades do córrego, compreendam o meio onde vivem, passando por transformações e consequentemente serem cidadãos ambientais.

Objetivos

Desenvolver propostas pedagógicas visando à conscientização e o esclarecimento da população moradora do Córrego Ribeirão, para que haja mudança de atitudes frente ao meio ambiente.
Traçar o perfil das comunidades, para a percepção da visão ambiental possuída pelos moradores.
Envolver órgãos e instituições que possam contribuir para a melhoria da preservação e conservação desse recurso hídrico.
Conservar as nascentes do Córrego Ribeirão e seus pequenos e poucos afluentes.
Após as discursões com as comunidades poderemos propor um sistema de captação de água de chuva com barraginhas e pequenas barragens e a conservação, revitalização da mata ciliar e uma educação sanitária adequada à população.

Metodologia

O trabalho de extensão com os moradores que residem próximo ao Córrego Ribeirão, será desenvolvido através do método Diagnóstico Rápido Participativo, por entender-se que, para se desenvolver um trabalho que vise à construção do conhecimento e a transformação de mentalidades arraigadas a uma concepção de desperdícios e destruição, é fundamental que os sujeitos envolvidos passem por esclarecimentos que possibilitem o repensar das práticas acerca do meio ambiente, e, da própria percepção de ser no mundo, que implica perceber-se numa visão sócio-política-ambiental. Demo (2001), aborda que o homem político é aquele que tem consciência histórica, sabe dos problemas e busca soluções (p.17), entretanto, para que haja a consciência histórica, o ser humano deve estar ciente e consciente da própria ação no meio ambiente; percebendo-se autor e co-autor das transformações ambientais. Para que aconteça esse ver-o-mundo, vendo-se no mundo, fez-se necessário o desenvolvimento de processos educativos, com metodologias adequadas à ações comunitárias, para se alcançar resultados com os moradores das proximidades do Córrego Ribeirão .
Através da educação ambiental há possibilidade de abordarmos a temática do meio ambiente, partindo do entorno até chegar ao desenvolvimento sustentável, uma vez que la sostenibilidad deberá tener una vertiente ecológica, pero también, y sobre todo, una vertiente social y política que garantice que el uso de los recursos se hace al amparo de las decisiones y en beneficio de la población que, en justicia, tiene derecho a dichos recursos. Brú (2000, p.145). Dentro dessa concepção, reuniões, palestras e conversas informais deverão ser sistematicamente desenvolvidas, no sentido de estimular uma visão global e crítica das questões ambientais, especialmente sobre o curso natural do Córrego Ribeirão, que possue um valor estratégico para a sobrevivência, tanto dos moradores locais, quando de toda uma sociedade organizada, no caso, a cidade de Salinas e do ambiente, posto que a conservação desse córrego, enquanto sua fonte de recurso natural ainda tenta resistir, aos impactos causados ao longo dos anos.
Para que essa problemática fosse percebida, será trabalhado, através da Educação Ambiental, como um processo de politização e de publização da problemática ambiental por meio do qual o individuo, em grupos sociais, se transforma e transforma a realidade. (Loureiro, 2004, p.81), um novo olhar e um novo fazer no cotidiano das pessoas, que estão diretamente utilizando dessas águas para suprir suas necessidades.

Resultados esperados:

Para quem não possui uma consciência ambiental definida, quando se fala em água, sobretudo na nossa região, podemos usar nossa escassez como exemplo e mostrarmos as novas formas de conservamos para termos depois, logo, podemos sensibilizá-los e torna-los os verdadeiros guardadores da natureza. Rebouças (2004) coloca que a Terra possui uma grande massa de água que a priori não seria problema, contudo, somente 2,5% dos 100% dessa água, é própria para o consumo humano, só que desses 2,5% uma parte é subterrânea, outra se encontra nas calotas polares e apenas uma pequena porcentagem está disponível para a população.
A tomada de consciência desse fato numa região como a do Vale do Jequitinhonha, onde a escassez de águas, e, por uma população semi-analfabeta e acostumada a atribuir tudo aos designos divinos, passa por fases que vai da descrença ao que é dito, à descoberta do problema, gerando a ansiedade de tudo resolver, que pode levar ao desestimulo. Essa trajetória requer paciência para que sejam alcançados os primeiros resultados, que nem sempre é o esperado. É o caso dos moradores do Córrego Ribeirão, que só após a realização das atividades inerentes ao projeto, vislumbraremos os caminhos a serem possibilitado:
Da construção do perfil da comunidade,demonstra que é composta por famílias , constituída na maioria por crianças e velhos, com alto índice de analfabetismo. Todas as famílias se dedicam ao fabrico da farinha, doces e à agricultura de subsistência.
Esse levantamento de perfil foi muito importante, porque será a base para o desenvolvimento das atividades, dando subsídios para a programação de ações que atendesse a realidade local, partindo da concepção de meio ambiente que os moradores possuem.
Construir a participação dos moradores nas reuniões e com programações, e visando desenvolver o interesse em participar de outras ações.
A medida que os moradores forem sendo envolvidos no projeto, vai ficando claro para eles que as pretensões com relação às questões ambientais, não visavam perdas de valores e tradições, eles continuariam com as atividades diárias, mas deveriam cultivar mudanças de atitudes nessas práticas cotidianas, isto é, haveriam de considerar o ambiente ao iniciar o processo do fabrico da farinha, de doces e da sua agricultura. Isso fez com que lentamente fosse introduzido a percepção do estado do córrego, através de comparações entre elas, feito em passeios pelo mesmos caminhos diários, mas com um novo olhar ambiental.
Do cuidado, em não deixar os resíduos da mandioca e outros subprodutos nas águas, havendo a lenta introdução de um novo hábito no uso desse material, que é o aproveitamento como adubo ou alimento de animais domésticos, como o porco, por exemplo.
Mas, para que essa meta seja alcançada há a necessidade do envolvimento do órgão pública e os moradores precisam estar organizados e esclarecidos para reinvidicarem esse atendimento.
Do envolvimento dos moradores no mutirão realizado para retirada do lixo dos mananciais. Essa atividade oportuniza aos residentes perceberem o quanto está interferindo na qualidade das águas e, essa percepção, será primordial para os moradores verem os problemas ambientais que são criados por homens e mulheres e deles virão às soluções. Estas não serão obras de gênios, de políticos ou tecnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs (Reigota,1998, p.12) e, este fará despertar um entimento de responsabilidade dos moradores para a conservação desse bem da natureza, o que não era considerado até então.
Serão primeiras aproximações com os órgãos municipais, para que sejam viabilizadas outras práticas para a conservação e ações de engenharia .
A percepção do problema referente a conservação dos mananciais, faz com que os moradores desse entorno, também percebessem a necessidade do envolvimento do poder público nessa empreitada. Isso faz com que esses cidadãos começassem a organizarem-se para dar início às reinvidicações junto aos órgãos oficiais do município, o que demonstra uma nova postura dessa população, diante da prática costumeira de fazer farinha e doces.
Os trabalhos de campo serão pesquisados e desenvolvidos levando-se em conta a realidade local das comunidades.
As informações serão coletadas de forma participativa e processadas pelos graduandos do curso de Gestão Ambiental.



Benefícios esperados:

-proteger amostras de toda diversidade de ecossistemas do local, assegurando o processo evolutivo;
-proteger espécies raras em perigo ou ameaçadas de extinção, como também um meio diversificado;
-preservar o patrimônio genético, objetivando a redução das taxas de extinção de espécies a níveis naturais;
-proteger a produção hídrica, minimizando a erosão, a sedimentação, especialmente quando afeta atividades que dependam da utilização da água e do solo;
-proteger os recursos da flora e fauna, quer seja pela sua importância genética; conservar as paisagens de relevantes belezas cênicas naturais ou alteradas, mantidas a nível sustentável, visando a recreação ou turismo;
-conservar valores culturais e históricos;
-propiciar condições de monitoramento ambiental;
-propiciar meios para evolução, investigação, estudos e divulgação sobre os recursos naturais;
-fomentar o uso racional dos recursos naturais, através de áreas de uso múltiplo.


Conclusão:

Mudanças são lentas e a percepção do óbvio, quando se está acostumado a ele, é difícil. Com os moradores das nascentes do Córrego Ribeirão , não será diferente, mas a medida que foram sendo desenvolvidas as atividades junto a essa população, constataremos que a educação ambiental apresenta-se como uma necessidade para construir uma sociedade amigável, ética e respeitosa com o meio ambiente.
Não se defende aqui, que a educação ambiental seja o “messias” que vai salvar ou resolver os inúmeros problemas a que o ambiente está sendo cada vez mais submetido, todavia é a possibilidade do ser humano perceber, refletir sobre a própria postura com relação ao ambiente, quebrando e reformulando paradigmas, como considerar-se parte da natureza, nem superior, nem inferior, mas também natureza.
E, é dentro dessa concepção que este trabalho está sendo realizado junto aos moradores do Córrego Ribeirão, para que se engajem na conservação de um rio, garantindo às gerações futuras o acesso aos mesmos bens que ele usufrui agora – a água.



Referências:

FREIRE, P.Ação Cultural Para a Liberdade: Rio de Janeiro, Paz e Terra.
DEMO, P. Pobreza Política. Campinas. São Paulo, Autores Associados, 2001.
FREIRE, P. Conscientização. Teoria e Prática da Libertação. São Paulo,Centauros, 2001.
GOMES, M.L. A evolução da Educação Ambiental. Texto miemeogrado, 2003.
LOUREIRO, C. F. B. Educação Ambiental Transformadora. Identidades da Educação Ambiental.
Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental. Brasília, 2004.
REBOUÇAS, A. Uso Inteligente da Água. São Paulo. Escritura, 2004.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo. Brasiliense, 1998.
Saites
BRÚ, J. Medio ambiente: Poder y espectáculo. Gestión Ambiental y Vida Cotidiana. Icaria
Antrazyt.

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